Apresento-vos Anka e Eva Clarke. Eva nasceu no campo de concentração em Mauthausen e era já uma sobrevivente mesmo antes de nascer. Os seus pais foram enviados para o campo de concentração de Auschwitz. Anka, a mãe, grávida de Eva, foi colocada a trabalhar numa fábrica. O pai acabaria por morrer em Auschwitz.
No início de 1945, quando a derrota estava iminente, os nazis evacuaram os campos de trabalhos forçados. Anka foi enfiada num comboio de carga sobrelotado. A viagem durou 3 semanas, sem alimento e praticamente sem água. Quando finalmente o comboio parou, frente ao campo de concentração de Mauthausen, um dos mais terríveis lugares à face da terra, o pânico apoderou-se de Anka, que entrou em trabalho de parto. Eva nasceu entre o comboio e o campo de concentração. Anka pesava 35kg, Eva nasceu com 1,5kg. Quis a sorte, ou o destino, que o gás, que alimentava as câmaras de gás para onde se dirigiam, acabasse dois dias antes da chegada de Anka e Eva a Mauthausen. Uns dias depois, os Aliados chegavam ao campo de concentração e libertariam todos os prisioneiros. Eva dedicou-se a ser um testemunho vivo das atrocidades cometidas no Holocausto. Quando lhe perguntei se guarda algum ressentimento ou mágoa, responde imediatamente que não. Vive em paz com o seu passado e sua missão de vida é fazer chegar a sua história ao maior número de pessoas para preservar a memória do que aconteceu e assim prevenir que se repita. Invariavelmente acaba sempre a sua história com a frase: “We won”. Que a vitória perdure.
Pode conhecer a história de Eva e de outros sobreviventes do Holocausto no site do Holocaust Educational Trust – www.het.org.uk, uma ONG que se dedica a ensinar o Holocausto às gerações mais novas, educando-as para a tolerância.