Quanto custa uma Vida?

Atenção que um médico vai falar de economia. Mas acredito que se for um economista seria acusado de cruel e torturador de números.
Gostamos de andar aí pela vida a dizer que a vida humana não tem preço. Mas não é verdade. As vidas têm um preço, a saúde tem um preço, que se traduz em euros, só não sabemos é quanto. Mas tem um preço. Sabemos também que esse preço é bem diferente se for na Suiça ou no Sudão do Sul onde por falta de 2 ou 3 euros as crianças morrem de malária aos milhares.

O que estamos a fazer à economia para salvar vidas, pode vir a matar mais gente. Eu disse pode. Porque não sei fazer estas contas e acredito que ninguém as saiba. Mas a pergunta tem de ser feita: o medo da doença não estará a matar mais que a doença?
Fechar fronteiras, fechar aeroportos, transportes, empresas, escolas, vai destruir pequenas e grandes empresas, pequenos e grandes países.

Mais ainda, na saúde não se fala só de vida e de morte, fala-se de bem-estar e felicidade. A paranoia, a histeria, o dito “afastamento social” tem consequências catastróficas na nossa saúde mental. E isso também é vida. Isso é a vida.

Vai eventualmente provar duas coisas fundamentais. 1) que para proteger o planeta temos de aprender a viver mais humildemente e que 2) nada faz sentido se não for pensado a uma escala global. E como tal, ninguém devia achar-se no direito de valer mais dos que valem menos (Na Síria, no Iémen, no Congo, etc, etc). Só assim saberemos o custo da vida humana. E o seu valor.

Sabemos que o Covid-19 tem um mortalidade significativa e que obriga à máxima atenção de todos os profissionais de saúde e população em geral. Sabemos que ainda pouco sabemos, mas que a cada dia sabemos mais. Mas também sabemos que um parto custa dinheiro, que uma cirurgia custa dinheiro, que um internamento em cuidados intensivos custa muito dinheiro, e se este dinheiro deixar de existir, vamos (talvez) chegar á conclusão que a cura matou mais que a doença.
O medo legitima guerras infundamentadas, alimenta populismos bacocos, e levanta em nós a maior das podridões: o egoísmo. E numa sociedade cada vez mais global será o colapso se nos deixarmos de cruzar, de fazer negócios e fechar fronteiras.

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