Honestidade e Justiça

Acompanho há tanto tempo as TED talks, que já me perdi no número de vezes que fui inspirado ao longo dos últimos anos… A ideia de ambicionar a fazer o que já tantos fizeram por mim na minha muito amada cidade, só por si já me enche de orgulho, pois adorava tirar da zona de conforto os meus conterrâneos, e levá-los a ser mais ambiciosos! Que o desejo de ser ricos, nos faça acordar mais cedo, trabalhar mais duro e deitar mais tarde… mas que esta riqueza nada tenha a ver com as nossas posses, mas sim com o tamanho do nosso coração na luta por um mundo melhor…

Desde 2009 já dei umas voltas pelo mundo como médico, em alguns dos cenários de conflicto mais “complicados” dos nossos dias… Gosto de contar histórias, que contam a história daquilo que de mais importante se passa no planeta enquanto por cá passamos… E com isso tento pôr os olhos de quem me lê, de quem me ouve, onde eu tive o privilégio de ter os meus. Sim, o privilégio, porque só assim podemos viver em VERDADE, e a CONSEQUÊNCIA de não o fazer é e será absolutamente catastrófica…o fim da humanidade…o fim da empatia de um ser humano pelo outro… Já perdi a conta ao número de vidas que me fugiram das minhas mãos ensanguentadas…mas felizmente muitas mais foram as que graças ao enorme esforço de gente focada em não desistir…cá ficaram, para contar a história , e assim exponenciar estas sementes de esperança, que assim de uma forma tão pura se tornam imunes às cores, crenças, línguas ou outras divisões fúteis, que condenam os preconceitos de tanta gente…

Salvar vidas, é tudo o que eu sei fazer mas é impossível não entrar e sair de uma guerra, sem sairmos a pensar nos “porquês” e nos “porque nãos” fazermos algo mais para que este mundo seja mais justo, e menos egoísta… E chego sempre à conclusão que há soluções que estão bem ao nosso alcance….reflexões profundas que me invadem a alma e que humildemente gostava de partilhar com vocês…

1. A guerra do nosso dia a dia: A nossa individualidade tem tanto de pequenino, como de espetacular… Esquecemo-nos sempre que antes de apontar o dedo, deveríamos mergulhar na pergunta: “ o q é q EU podia fazer melhor?” . E na guerra a mesma coisa! Ao mesmo tempo que ficamos incrédulos, porque estes ou aqueles atacaram os outros ou aqueloutros, negligenciamos o facto de que estamos sempre em pequeninas guerras, pelas mais pequenas coisas, na família, no trabalho, no trânsito…ou até connosco mesmo! Se acabássemos ou minimizássemos estas pequenas guerras não estaríamos também a acabar com aquelas bem maiores?

2. A submissão dos políticos: Em democracia, os políticos não são líderes, são seguidores! São seguidores de vontades e maiorias… Tudo o que nós “simples eleitores” e cidadãos temos que fazer, é mostrar-lhes que a nossa preocupação com o próximo aquém e além fronteiras, é superior a todas as outras prioridades… Obriguemos os políticos a preocuparem-se em nosso nome…mostremos que para nós cidadania é em primeira análise: humanidade. Os políticos que nos expliquem o que é que nós fizemos ou não fizemos, para que existam tantas guerras, para que tanta gente morra à fome ou de doenças facilmente evitáveis! Que nos façam orgulhosos de ser portugueses! Se formos muitos a querer a paz…esta virá atrás de nós…

3. O Poder e a Culpa das mulheres: Num mundo que infelizmente ainda é demasiado dominado por homens, as mulheres esquecem-se sobre o poder que têm e a responsabilidade por omissão de não o usarem adequadamente. Os homens fazem tudo para ter a admiração e atração das mulheres. Se as mulheres deixarem de admirar homens maus…se deixarem de admirar homens pelo seu poder, pela sua riqueza, pela sua agressividade… e se ao invés valorizarem principalmente a beleza do seu coração…verão a transformação que isso terá…muitos mais homens viverão sobre outros ideais… Recusem-se a dormir com quem faz maldades e o mundo será muito melhor!

4. Eu tenho um dom: Tenho um dom, que se chama 6 anos de estudo, e outros não sei quantos de estudo e trabalho… E uso da melhor forma possível onde ele é mais preciso… Mas todos nós temos um dom, e temos podemos usá-lo para tornar este mundo mais igual…

5. Pais e filhos: Aqui é que a “coisa” se complica… Cada vez que deixo o meu conforto para ir salvar vidas para uma qualquer catástrofe humanitária…vou com o coração partido…pela dor que causo nos que mais gostam de mim… Todos nós somos filhos, muitos de nós somos ou seremos pais… E se os nossos pais e os nossos filhos merecem todo o nosso amor e dedicação… que merecerão os pais e os filhos dos outros? Se ao deixar a minha mãe triste e até mesmo desesperada, eu fizer num ponto do planeta qualquer 100 mães felizes, parece-vos justa a equação? Porque teimamos em achar que a nossa vida e a dos nossos é mais importante do que a dos outros?

6. Perdoar: A arte mágica do perdão tem que ser mais trabalhada, cultivada e valorizada… Se guardarmos rancor nas nossas almas, travaremos em nós uma evolução de uma vida alegre e feliz, mas pior do que isso perpetuaremos para todo o sempre os males desta bolinha azul onde vivemos! Temos que nos libertar totalmente dessas amarras de qualquer sentimento negativo a quem algum dia nos fez mal…e assim quebrar o ciclo para todo o sempre. Perdoem e perdoem-se!

Algumas de muitas ideias, que gosto de explorar, para que a luta por um mundo melhor seja sustentada naquele exercício que tem tanto de difícil como de fundamental, de nos projetarmos na pele do outro, com Honestidade e Justiça!

Infelizmente a HUMANIDADE também precisa de marketing.

Eu nem sempre sei como, ou onde ou mesmo com quem! Mas sei que vou dedicar a minha vida na luta por um mundo melhor!

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