Potosi. La Mina del Diablo

Julgo que o grande desafio é a busca pela verdade. A história é feita por quem a conta, e por isso para termos um presente justo e um futuro melhor, temos que nos questionar sobre a honestidade e a justiça dos factos.

Cada vez que penso nos “grandes” feitos da nossa (e outras) história, penso no sangue, sofrimento e mortes que foram necessárias para escrever essas páginas “áureas” do passado.

Potosi, agora na Bolívia, também conhecida por ser a cidade mais alta do mundo(>4000 mts), foi a maior mina de todos os tempos. No seu auge (meados do séc. XVIII) tinha uma maior população que Madrid, Paris, Londres, etc… gente esta que se acumulou à volta do Cerro Rico e dos seus filões infindáveis de Prata. Séculos de riquezas a atravessar oceanos, alimentando e ornamentando a Europa. Dizia-se que a prata extraída de Potosí, era suficiente para daí construir uma ponte até Espanha! Mas diz-se também que uma segunda ponte poderia ser construída com os ossos de todos que nas minas perderam a vida. Cerro Rico é o nome oficial, mas também dá pelo nome da “Montanha que come os Homens”!

Cerca de 8 milhões de homens morreram nesta mina para pratear a Europa, em 300 anos de colónia espanhola. Muitos pretos, arrancados a ferros das suas terras africanas vieram para Potosí para morrer pela ganância de outros. Mas mais ainda foram os indígenas/nativos da América do Sul que vinham ver o fim da sua vida na escuridão do Cerro Rico.

Chegaram a estar 4 meses sem ver a luz do dia e cerca de 70% dos que encontravam talvez das mais terríveis formas de escravatura estavam condenados morrer debaixo da terra.

O deus da montanha e dos mineiros é o Diabo, pois ao caminhar para o centro da Terra e com temperaturas muito altas, só o Diabo os poderia proteger dos tantos perigos do trabalho de mineiro.

Os dias de hoje já não são de escravatura, mas milhares de homens continuam a entrar no Cerro (cada vez menos) Rico, anestesiados por grandes quantidades de álcool e folhas de coca.

Os mineiros na busca de tostões para educar os filhos continuam a pedir protecção ao Diabo para que saiam vivos a cada dia de trabalho. Cerca de 5 homens ( e crianças) morrem por mês em acidentes na mina, mas muito mais certa é a morte por Silicose Pulmonar, que destrói os pulmões de TODOS que aqui trabalham ao fim de uns anos. Poucos passam dos 35-40 anos. Trabalham com uma sentença de morte.

Não devia este mundo ter um pouco mais de coração?

Documentário: La mina del diablo. (Youtube)

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